Eu sou ceramista porque acredito que é um tipo de magia a capacidade de
transformar um monte de argila num objeto com forma, cor e beleza.Todas as vezes que abro o forno e vejo as peças coloridas, meus olhos se enchem
de alegria e por mais que eu estude e entenda a química e física dos materiais
durante o processo de queima, continuo acreditando que parece mágica. Faço isso
há 16 anos, e como uma criança que aguarda a noite de natal, eu aguardo o
momento da abertura do forno………Quem já assistiu ao filme “O Expresso Polar”, vai lembrar do guizo
tocando e entender do que estou falando.Para mim essa é a locomotiva que me move nesse mundo cerâmico.Cada um de nós, ceramistas, encontra um motivo que nos mantem conectados com o
barro: a Luciana Thomaz faz da peça cerâmica um suporte pra liberar seu talento
com cores e traços; o Rogério Carvalho se conecta com a mãe terra e
medita enquanto modela; a Acácia e o torno são quase um só elemento enquanto a
roda gira e suas mãos pressionam o monte; a Cris Couto usa as texturas com a
facilidade de um maestro regendo uma orquestra; a Darly Pellegrini encontrou no
Paper Clay a materialização de sua arte e a Cris Rocha domina o fogo do Raku
como se tivesse domado um cavalo alado.0 mundo da cerâmica tem inúmeras possibilidades: é amplo e rico, tanto que
alguns chegam até a se perder nas variadas opções de trabalho e gera uma das
maiores dificuldade pra quem aqui se encontra, qual seja, a de definir uma
linha de trabalho que te caracterize enquanto ceramista (mas esse é assunto pra
outra oportunidade……)Após idas e vindas, encontrei meu caminho e hoje afirmo com muito orgulho que
“Sou Cerâmica”. E você? Já pensou o que te desperta essa
paixão? Você “É Cerâmica”?Texto: Flávia Pircher (29 de Novembro de 2019)