Existem diferentes tipos de queima que podem ser usados na cerâmica.
A primeira queima é denominada biscoito. Serve para transformar o barro em cerâmica, tornando-a permanentemente dura. Geralmente eleva-se até 800/900 °C durante um período mínimo de oito horas. A segunda queima – ou queima de esmalte – é feita em temperatura mais alta do que a de biscoito, indo de 1.000 à 1.300 ºC.
Há, ainda, outras técnicas muito difundidas:
Monoqueima: é o método em que a peça ainda crua só vai uma vez ao forno, já com esmalte aplicado. Este tipo de queima envolve muitos riscos, pois as peças ficam mais quebradiças antes de enfornar, já que a argila crua, quando esmaltada, assimila uma grande quantidade da água.
RAKU: o Raku surgiu no Japão no século XVI e sempre foi ligado ao cerimonial do chá. Seu nome significa ‘felicidade e prazer’. Quando o Japão perdeu a guerra, foi obrigado a abrir suas portas para o Ocidente e os primeiros ceramistas a entrarem no país se apaixonaram por esse cerimonial de queima, que até então era desconhecido por eles. Um dos motivos para esta paixão instantânea talvez seja a proximidade que o ceramista trabalha com o fogo.
Uma das grandes ‘vantagens’ do Raku é que o processo de queima é bem mais rápido, levando cerca de 2h e possibilitando ver o resultado rapidamente. As peças são retiradas do forno ainda incandescentes (com o esmalte no ponto de fusão) e são colocadas num recipiente com tampa contendo serragem, folhas ou outros materiais, que dão as mais diversas colorações por meio da oxidação e redução.
Sendo assim, o resultado final é obtido fora do forno e dentro da serragem ou do outro material combustível. O Raku tem passado por várias transformações desde que saiu do Japão. Antes usando apenas nas peças da cerimônia do chá, atualmente dá origem à peças decorativas.
Diversos países contribuíram para alterações na queima, surgindo algumas novas vertentes como o Raku Nú, (Naked Raku), o Horse Hair (queimado com crinas de cavalo, lã de carneiro, penas, etc) e os Rakus Metálicos (com óxidos em grandes quantidades). O Ateliê Tauá Cerâmica vem se dedicando e trabalhando numa marca brasileira para esta técnica, agregando um pouco da cultura e dos elementos locais.
Esmaltes de cinza: a confecção de esmaltes é uma alquimia que encanta muitos ceramistas. Na minha opinião, o melhor conceito para alquimia é ‘a busca pelo ouro’. E é isso que os ceramistas realmente buscam quando começam a misturar elementos e cinzas com o objetivo de um esmalte totalmente novo, que apresenta cores, texturas, transparências e translucidezes inéditas. Eu adoro meu jardim e recolho folhas de diversas árvores, grama e podas que utilizo nos meus esmaltes. Para mim é uma maneira de dividir a alegria e a vivacidade do meu jardim com meus clientes.
Anagama: o primeiro forno de que se tem relato é o Anagama, que tem uma câmara só e as peças são colocadas sem esmaltes e saem esmaltadas pelas cinzas que vem da lenha. Você já imaginou seu pincel ser o trajeto do fogo através das peças? Para isso, é necessário um período longo de queima, que vai de 4 à 15 dias. E o enfornar também é bem lento, visto que tem que se pensar no passar do fogo entre as peças e nos depósitos de cinza nelas. No Japão são as peças mais apreciadas e que estão muito relacionadas ao conceito de beleza oriental Wabi-Sabi, a beleza da imperfeição. Em 2001, construí meu primeiro Anagama, o ‘V Continente’ em Artur Nogueira-SP. Foi um dos primeiros fornos do tipo no estado de São Paulo e no Brasil. Segundo a orientação de Peter Callas, o forno foi construído e queimado por 14 vezes. Atualmente ele está sendo reconstruído e vai mudar um pouco seu formato e tamanho.
Por Cris Rocha (Adicionado em Sou Cerâmica – 10 Dez 2019)
Respostas de 2
Boa noite muito obrigado por compartilhar, será que seria possivel conhecer o forno pessoalmente?
Attt
Mario junior
Fantástico ! Obrigada por partilhar !